NEWSLETTER DO BETO SILVA (75)
OS INFLUENCIADORES QUE INFLUENCIAM / O LIVRO FÍSICO CONTINUA VIVO
OS INFLUENCIADORES QUE INFLUENCIAM.
Todo artista foi influenciado por alguém. Mesmo pessoas de profissões que não são do ramo artístico tem as suas influências. É claro que eu fui influenciado por vários humoristas. Sempre que me perguntaram quais eram as minhas influências eu falei de Monty Python, Woody Allen, Mel Brooks, da galera do Pasquim, Millor Fernandes, Jaguar, Ziraldo, Stanislaw Ponte Preta, sempre citei todos esses caras como meus influenciadores. Mas apesar de terem me influenciado e terem influenciado a muitos outros humoristas, nenhum deles se dizia Influenciador. Eles eram humoristas, comediantes, jornalistas, atores, escritores, um monte de coisas, mas nunca influenciadores. Influenciar era uma consequência da maestria de seus trabalhos, não era um fim em si.
Hoje em dia isso mudou. Hoje existem pessoas cuja profissão é apenas influenciar os outros. Os caras são Influenciadores, assim, com I maiúsculo. Eles não são especialistas em nada, não são artistas, cientistas, gênios nem sábios, são apenas Influenciadores. Quando preenchem a ficha em um hotel eles colocam lá em profissão: Influenciador. Na única linha de seus currículos está escrito: Influenciador. Quando são eleitos para a Câmara, esse é o seu programa de governo: Influenciar. E tem um monte de Influenciadores influenciando na Câmara dos deputados.
Uma vez eu conheci um desses caras. Perguntei:
- Qual é a sua profissão de verdade?
- Eu sou um Influenciador.
- E o que faz um Influenciador?
- Um Influenciador influencia quem quer ser influenciado.
- Mas o que você faz para influenciar?
- Exerço influência, ora!
- Influência em quê?
- No que a pessoa quiser, ora!
É isso. Não sei quem acredita neles, mas parece que os publicitários acreditam, pois os Influenciadores estão ganhando milhões de reais em publis, as antigas publicidades. Não tenho ideia de que influencia é essa que eles conseguem exercer, o que faz as pessoas serem influenciadas por seus ensinamentos, que ensinamentos são esses e o que as pessoas influenciadas pelos Influenciadores fazem com os ensinamentos que recebem deles. Só sei que estamos falando em milhões de pessoas sendo influenciadas por Influenciadores. Portanto, quem sou eu para falar mal dos Influenciadores? Só não consigo ser influenciado por eles.
NOTAS SOBRE LEITURA
O LIVRO FÍSICO CONTINUA VIVO
O livro físico é um sobrevivente. Falo aqui do objeto livro, que sofreu os mais variados ataques, mas seguiu firme, resiliente, nocauteando os e-books todas as vezes que se enfrentaram. Não foi assim na música, os meus amados LPs, os poucos que sobraram, estão todos em um canto, esperando que eu compre um toca-discos para voltar a escutá-los, o que nunca acontece.
Por que os livros resistem?
Será que os livros físicos resistem porque as pessoas são apegadas a eles? Não acho que seja essa a resposta. Eu também era apegado aos meus LPs, com suas capas lindas, com seus encartes com as letras das músicas, mas não consegui fugir das músicas nos celulares, da possibilidade de escutar qualquer música em qualquer lugar. É legal poder carregar todas as músicas do mundo com você, poder escolher o que vai escutar em seguida, mas quem quer carregar uma biblioteca inteira para onde quer que vá? Basta levar o livro que se está lendo!
Será que os livros físicos sobrevivem porque são objetos bonitos? Certamente muitos são bonitos, sem dúvida. Mas os LPs também são lindos. Muitas capas de livros chamam a atenção. Por mais que muita gente contrarie a velha máxima de que “não se compra livro pela capa”, mesmo assim elas são importantes, mas não foram as capas que fizeram o objeto livro permanecer. Mas quantos livros com a capa feia de doer marcaram a sua vida?
Acho que os livros físicos sobreviveram porque a sua tecnologia é melhor do que a do e-book. A tecnologia? Sim! Apesar de não ser eletrônico o livro físico funciona melhor do que o seu concorrente e-book. É mais fácil de passar de página, de ir para frente e para trás, de dar uma olhadinha para ver se o capítulo está acabando, de dar uma folheada para sentir se o livro tem muitos diálogos ou parágrafos enormes. É mais fácil até de tirar onda, mostrando para todo mundo que você está lendo o Ulisses, de James Joyce, mesmo sem conseguir entender nada ou sem ler uma página sem cair no sono.
É claro que dá para fazer tudo isso com um e-book, mas é chato. É sem graça. E-book não tem charme, não fede nem cheira. E não dá para expor e-books na estante, pra todo mundo ver que você tem um monte de livros maneiros, mesmo sem ter lido nem dez por cento deles. Já pensou se na pandemia todo mundo só lesse em e-books? O que as pessoas usariam como cenário de suas Lives?
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Eu fico feliz quando viajo no metrô e vejo alguém lendo um livro que já li. É raro acontecer, mas quando acontece a satisfação é grande. Dá vontade de sentar ao lado daquela pessoa e conversar sobre aquela obra. Se a leitura fosse num e-book não teria a oportunidade de ao menos, sentir essa sensação de felicidade .
Maravilha, Beto. Acho que o que torna o livro diferente dos LPs, CDs e iPads da vida é não precisar de energia elétrica. Basta abrir e ler.